A PSICOLOGIA DOS ERROS ESTONTEANTEMENTE ESTÚPIDOS

Estou a sofrer as dores de parto encruado de trigêmeos, seguindo o processo eleitoral aqui nos USA e seja lá que nome tenha o enrosco do impeachment/delações premiadas/lava jato/roubos de merenda escolar e fechamento de escolas aí no Brasil.

Aqui, Donald Trump é o escolhido do partido republicano (GOP- Great Old Party – Grande Velho Partido). Aí, sequer sei resumir. Entendi que a presidente foi afastada, Temer assumiu interinamente e a festa de escandalos continua sem trégua à vista. É ministério que desaparece e volta à tona, delações que aparecem e de repente também somem, juízes viram salvadores da Pátria e daí aumentam os próprios rendimentos sem pejo ou pudor. Nem lembro a porcentagem de Congressistas respondendo a algum processo, menos o dono do helicoptero com 500 Kg de cocaina.

Nem o Oliver Stone teria conseguido. E aí recebo o artigo que abaixo traduzo. Se vai mudar algo? Duvido. Mas que vai ter gente à beça metendo a mão na testa, isso vai. Tomara que não seja tarde demais.
PSYCHOLOGY OF BREACKTAKING STUPID MISTAKES

“Todos nós cometemos erros estúpidos de vez em quando. A história está repleta de exemplos. Diz a lenda que os troianos aceitaram o "presente" dos gregos, um enorme cavalo de madeira, que acabou por ser oco e preenchido com um time de comandos. A torre de Pisa começou a inclinar-se, mesmo antes da construção ser concluída e não é sequer a mais inclinada do mundo . A NASA, inadvertidamente, gravou em cima das gravações originais do pouso na Lua, e agentes do comitê de reeleição de Richard Nixon foram pegos invadindo um escritório de Watergate, pondo em movimento o maior escândalo político da história dos EUA. Mais recentemente, o governo francês gastou US $ 15 bilhões com uma frota de novos trens, apenas para descobrir que eles eram muito grandes para caber em cerca de 1.300 estações.

Prontamente reconhecemos estes incidentes como erros estúpidos, erros-épicos. Num nível mais pessoal, investimos em esquemas de ficar rico-rapidinho, dirigimos acima do limite permitido e postamos coisas em mídias sociais as quais nos causarão sério arrependimento mais tarde.

Mas o que, exatamente, impulsiona a nossa percepção dessas ações como erros estúpidos, ao contrário de má sorte? Sua aparente falta de pensar a respeito? A gravidade das consequências? A responsabilidade das pessoas envolvidas? A ciência pode nos ajudar a responder a estas perguntas.

Em um estudo recém-publicado na revista Intelligence, usando termos de pesquisa como "coisa estúpida de se fazer", Balazs Aczel e seus colegas compilaram uma coleção de histórias que descrevem erros estúpidos de fontes como The Huffington Post e TMZ. Uma história descreveu um ladrão que invadiu uma casa e roubou uma televisão e mais tarde retornou para buscar o controle remoto; outro descreveu os assaltantes que pretendiam roubar telefones celulares, mas acabaram roubando dispositivos de rastreamento (GPS) que, quando ligados deram à polícia sua localização exata. Os pesquisadores então pediram a um gupo de estudantes universitários, para avaliar cada história a a respeiro da responsabilidade das pessoas envolvidas, a influência da situação, a gravidade das consequências, e outros fatores.

As análises de avaliações dos sujeitos revelou três variedades de erros estúpidos:

A primeira é quando a confiança de uma pessoa ultrapassa a sua habilidade, como quando um homem, em Pittsburgh, roubou dois bancos em plena luz do dia sem usar disfarce, acreditando que o suco de limão que tinha esfregado no rosto o faria invisível para as câmeras de segurança. Ou, no que é amplamente considerado como um dos maiores fracassos de mascote da história, quando o Wild Wing dos Anaheim Ducks tascou fogo em si mesmo, tentando saltar sobre uma parede em chamas (os líderes de torcida o arrancaram das chamas e ele voltou à ação no final do jogo, ileso).

A desconexão entre a confiança nas própias habilidades e ausência das mesmas foi apelidada de efeito Dunning-Kruger, depois de um estudo realizado pelos psicólogos sociais David Dunning e Justin Kruger com estudantes da Cornell sobre testes de humor, lógica e gramática e, em seguida, avaliar quão bem eles pensam que foram, em comparação com outros sujeitos do estudo. Os sujeitos com pior desempenho, cujas pontuações os colocaram no percentil 12, estimaram que tinham alcançado o percentil 62, o mais alto. Resumindo os resultados, Dunning observou: "Desempenho ruim, e todos nós temos algum desempenho péssimo em alguma área, não consegue visualizar as falhas de pensamento ou respostas falhas. Quando pensamos que estamos fazendo nosso melhor desempenho, é quando, usualmente, cometemos as maiores besteiras”.

Como qualquer dos inúmeros escândalos políticos bem ilustra, o segundo tipo de erro estúpido envolve atos impulsivos, quando nosso comportamento parece fora de controle. No escândalo que ficou conhecido como Weinergate, ex-politico, Anthony Weiner, enviou textos e fotos de si mesmo e suas partes pudendas, para mulheres que havia conhecido no Facebook. Depois de renunciar ao cargo, Weiner continuou suas ciber-imbecilidades sob o cognome de Carlos Perigo, e ai caiu presa do efeito Dunning-Kruger quando superestimou o apoio apoio que receberia na primaria para prefeito de NY em 2013. Mais recentemente, em Michigan, um representante do estado Todd Courser (conservador de direita, pertencente aoTea Party,que é extrema direita), admitiu ao envio de um e- mail anônimo para agentes Partido republicano e membros da mídia alegando (falsamente) que ele havia sido pego fazendo sexo com uma prostituta do sexo masculino, com o objectivo de, em fazendo tal revelação, pudesse fazer parecer que seu caso com a colega representante Cindy Gamrat parecesse como parte de uma campanha de difamação. Em um audio gravado de uma conversa secreta com um membro da equipe, Courser descreveu sua estratégia como uma "queima controlada de mim mesmo" projetada para "inocular o rebanho" contra as alegações que ainda não haviam sido feitas.

A variedade final de erro estúpido envolve lapsos de atenção tipo Homer, da série “Os Simpsons”. Um dos melhores exemplos da história do esporte americano é a de Roy Riegels, estrela do esporte da Universidade da California, o qual, em 1929 durante o Rose Bowl, correu 65 jardas para o lado errado do campo, erro que deu a vitória ao time do Georgia Tech. Já em 1964, Jim Marshall, do Minnesota Vikings, que foi por 2 vezes considerado o melhor dos jogadores, além de ser capitão da equipe, repetiou o feito, não por uma mas 2 vezes no mesmo jogo.

No estudo de Aczel, as análises revelaram que as pessoas vêem esta categoria como o menor dos erros estúpidos.

Naturalmente é irrealista pensar que poderíamos eliminar o erro humano. Errar é humano, e vai ser sempre. No entanto, esta pesquisa nos dá uma melhor descrição das nossas falhas e fraquezas, e um lugar para começar a pensar em intervenções e prescrições para nos ajudar a errar menos. Esta pesquisa também nos lembra de nossas fragilidades humanas compartilhadas. Somos todos propensos a superestimar nossas habilidades, tomar decisões impulsivas, e termos lapsos de atenção. Esta constatação simples faz com que erros estúpidos pareçam, talvez, um pouco menos estúpidos - e um pouco mais humanos.”

Pois concordo com tudo, só que, quando a soma das 3 categorias se espalha numa população, aí criamos histeria coletiva, que tal qual um desastre natural, deixa sequelas às vezes irremediaveis.

Mas esse é o assunto da próxima postagem: “Os demonios nossos de cada dia ou histeria de massa.”

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